domingo, 19 de março de 2006

Sonhos

Na Sexta fui ao psicólogo...

Entre várias outras coisas, falou-se de sonhos...

A anestesia geral deixou dois efeitos secundários, um normal, o outro nem por isso.
O normal foi a frazqueza física... De cereta forma, é como se ainda estivesse algo anestesiado... A gente quer mexer o corpo mas ele não responde... É preciso fazer um esforço suplementar! Começo a perceber que tenho muito menos paciência do que pensava...

O efeito invulgar tem a ver com algo que, já antes, não seria muito vulgar... É que, normalmente, eu só sonhava /me lembrava dos meus sonhos uma ou duas vezes por ano! Três ou quatro num ano bom... ;)

Depois da anestesia, era todos os dias! Acordava sempre com a imagem do sonho na mente! Passados 5, 10 ou 20 minutos já não me lembrava de nada, mas "ao menos não acordava vazio", como disse ao psicólogo. Na verdade esta foi das últimas frases que disse a respeito. E provavelmente a mais importante....

Para resumir a coisa, falei-lhe de como, na outra Sexta-feira (a primeira depois da cirurgia), me fartei daquela sensação de "fraqueza", bebi um RedBull e dancei, puxei pelo corpo para mandar aquela droga à vida... Como já perceberam pelos artigos anteriores, não foi a melhor opção...
Além dessas coisas, só me lembrei dos sonhos ao acordar uma ou duas vezes esta semana. :(
A conclusão do psicólogo (que me parece muito acertada) é que eu prestava muita atenção ao exterior, mas muito pouca (ou quase nada) a mim mesmo, ao meu subconsciente... Mau, muito mau.

Perguntou-me se eu não sabia que os sonhos são a nossa melhor porta para o nosso subconsciente... Respondi que sim, mas... eu não me lembrava deles!... "Olha, azar!"
Disse-me que há muitas maneiras de nos anestesiarmos, mesmo sem tomarmos nada.
E é isto mesmo que me parece eu tenho feito ao longo dos últimos 10 ou 154 anos (não me lembro como era a minha re ordação dos sonhos há mais tempo atrás): tenho anestesiado o meu subconsciente, tenho quebrado a ligação deste com o meu consciente... Tenho vivido uma vida dupla: uma consicente e outra subconsciente. E acho que se têm oposto uma à outra. Sou dois de mim, quando queria ser uno.

Foi por esta altura que disse que, naqulea semana em que o corpo não reagia, mas me lembrava dos sonhos, "não acordava vazio".
Culpo os meus sentimentos de culpa por esta cisão em mim que me afasta de parte de mim.
Já agora, Júlia, sem querer dizer que isso acontece ou acontecerá consigo, aproveito para lhe explicar o meu receio de mim mesmo, aquele de que falei em resposta a um seu comentário num arttigo anterior... Este receio de uma parte de mim, motivado por sentimentos de culpa... não é saudável... Assusta-me os percursos que essa fuga a mim mesmo me fizeram percorrer... Assusta-me perder essa parte de mim, perder-me...

O psicólogo disse-me que, embora eu não me lembre agora dos sonhos, ainda há esperanças para mim! O facto de eu estar ali, a falar disto e a procurar-me significa que ainda há esperança! ;)

NAMASTE!
(uma boa palavra para dizer quando não se sabe o que se quer dizer, mas se sabe o que se quer ;) )

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