quarta-feira, 17 de agosto de 2005

Sobre a história da diabetes #1 Na Antiguidade

Começando pelo papiro de Ebers, começamos também com a origem da palavra “diabetes”. É uma palavra que, segundo li algures, vem do grego e significa, grosso-modo, “açúcar na urina”.
Assim, o nome “diabetes” vem de um sintoma associado à mesma. Fosse só isso, e estava tudo bem! No entanto, temos já aqui uma pista para a gravidade/estranheza da coisa: A urina é um dos meios mais eficazes que temos de nos livrarmos de substâncias prejudiciais e/ou em excesso que ingerimos. Daí a ideia comum de que um(a) diabético(a) é uma pessoa que come demasiado açúcar E isto nem sempre é verdade, como veremos mais adiante. A realidade é bem mais preocupante.
Entretanto, acrescento apenas que, a medição do nível de açúcar na urina, (através de tiras de teste, próprias para o efeito) é uma forma, ainda actualmente, muito usual de verificar o nível de açúcar numa pessoa – um(a) não-diabético(a) deverá apresentar sempre valores nulos de açúcar na urina, e é este mesmo resultado que se pretende conseguir numa pessoa diabética, através do tratamento. No entanto, tornam-se cada vez mais vulgares os testes de glicemia no sangue (nível de açúcar no sangue). Estes são realizados com uma picada no dedo, de forma a conseguir uma gota de sangue, cujo nível de açúcar será medido por um pequeno aparelho electrónico.

A atracção das formigas pela urina das pessoas com diabetes explica-se facilmente pelo que dissemos antes – o açúcar.
Para os menos familiarizados com esta coisa, virá talvez aqui o primeiro choque: a diabetes é uma doença mortal! E não nos estamos a referir às “complicações” que os mais familiarizados conhecem. Essas complicações são consequência, elas sim, do excesso de açúcar no sangue – ou, muitas vezes, das bruscas oscilações do grau de açúcar no sangue.
Ao papiro de Ebers, os indianos juntam mais um sintoma. Além da vontade permanente de urinar, “uma sede intensa” e “emagrecimento do corpo”. A sede explica-se facilmente pela própria necessidade de urinar. De facto, o(a) diabético(a) urina muito porque precisa de “descarregar” o excesso de açúcar que tem no sangue. Mas o açúcar não é líquido... Daí a grande necessidade de beber... O “emagrecimento do corpo” já não se explica tão facilmente por aqui, e está, de certo modo, até mais próximo da causa da diabetes. Já lá iremos!

Quanto a tratamentos, e até 1000 A.C., pode dizer-se que “andava tudo às aranhas”... Pelo menos para os lados da Grécia, nenhuma poção ou mezinha parecia resolver o assunto. Os rins (os filtros sangue -> urina) pareciam ser os primeiros a ressentir-se da coisa, por “sobrecarga”, poderia avançar-se.
Mais interessante é o exercício físico. Ignoremos, pelo menos por agora, a questão da urina. O exercício físico é hoje reconhecido, pela medicina convencional, como um componente essencial do tratamento dos diabetes. No entanto, tenho sérias dúvidas sobre o conhecimento que tem a classe médica a este propósito. Voltaremos a isto mais adiante!
Por outro lado, há mais uma frase interessante no parágrafo sobre os CC (cataplasmas e cavalos): “As crianças morriam rapidamente e os adultos lutavam com complicações devastadoras.” Encontramos aqui uma referência directa aos dois tipos de diabetes, como se definem actualmente. A diabetes Tipo 1 (também chamada diabetes infanto-juvenil) corresponde ao primeiro caso, o das crianças que morriam rapidamente. A Tipo 2, mais associada à velhice e obesidade, é aquela em que referem a luta contra as complicações. Darei mais informações sobre estes dois tipos... adiante!


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