sexta-feira, 14 de abril de 2006

Auto-psicologia # 1,5


Hesitei um bocado antes de publicar este artigo. Penso que vai perturbar alguém que eu não queria perturbar, muito menos neste momento.
Mas lá terá que ser... Pelo meio do artigo pretendo "justificar" esta minha decisão. Pode não ser uma boa justificação, mas é a minha "razão" (parte dela) para arriscar perturbar essa pessoa.

Há uns seis anos e três meses atrás (mais uns dias), uns seis meses depois de "largar" a cocaína... veio a passagem de ano de 1999 para 2000 (também conhecida como "passagem do milénio", embora haja quem tenha defendido que essa foi de 2000 para 2001... Enfim, seja como for, já foi...).
Foi uma passagem de ano em que bebi, fumei haxixe, marijuana e uma passazinha de rebolau (cocaína misturada com heroína - tem piada nem ter contabilizado isto nas minhas recaídas na cocaína, foi tão pouco, em si e em contabilização comparativa com as outras drogas que tomei nessa noite), e também tomei ecstasy (meia pastilha, uma pastilha, pastilha e meia, já não me lembro)...
Um cocktail jeitoso... Junte-se-lhe hipoglicemias pelo meio - não é uma droga, mas será certamente um "estado alterado de consciência", por assim dizer...
Nessa noite, houve um acontecimento muito, mas mesmo muito forte... Telepatia! LOL! Enfim... Não é que fosse "novidade"... Mas eu sempre achara que não passava de imaginação minha... Um entretenimento dos meus neurónios... De certa forma, também uma forma de eu lidar com as pessoas... Com aquelas situações em que, por um motivo ou outro, as coisas não são ditas... Mas não fazia fé na realidade da coisa... Era uma espécie de "auto-terapia" ou coisa assim... Mas nessa noite... senti a coisa como real, muito real, demasiado, dolorosamente e angustiantemente real.
NOTE-SE: Isto NÃO me tornou um crente na telepatia, nem me fez esquecer que, mesmo a existir a dita, poderá haver sempre momentos em que a coisa não passa mesmo de imaginação nossa. Mais, se a coisa é "telepatiada", mas não dita, haverá alguma razão... Tanto mais quanto a coisa é negada pela experiência sensível (dos cinco sentidos). Mas, nessa noite, tive inclusive confirmação telepatia/oralidade, numa conversa em que se ia alternando de um tipo de comunicação para o outro, mantendo o tema da conversa, inclusive fazedo perguntas num tipo de comunicação e obtendo as respsota no outro... Se isto vos perturba, que não era a isto que me referia no início, pensem apenas: "O DMC estava era a alucinar! Lá sabe ele ou se lembra do que realmente aconteceu!" Correctíssimo!

Continuando... Nos três dias e noites seguintes, não dormi um minuto! Não, não é que eu estivesse tão acelerado ou nervoso que não conseguisse - quer dizer, não assim linearmente... Além do choque da realidade da telepatia, eu sentia-me possuído! Não dessa forma estúpida à exorcista (o filme ou os que por aí andam a fazer dinheiro e/ou juntar fiéis - embora haja alguns que tenham uma influência positiva sobre o/a "possuído/a", mas isso é outra conversa!). Mas eu sentia que o meu corpo queria fazer coisas sem o meu controlo, consentimento ou sequer aviso... Foi uma luta imensa contra... mim mesmo?!... Sei lá! Eu queria era morrer! Mas tinha medo! Tinha medo daquilo que tinha dentro de mim! De repente, desde a "telepatia", as fronteiras do mundo físico tinham-se violentamente eclipsado... O que era aquilo dentro de mim? O que aconteceria se eu morresse? Morreria a coisa comigo? Ou libertar-se-ia?! UM FILME DAQUELES!!!! Eu também não tinha propriamente vontade de morrer... Simplesmente, já não aguentava mais... Três dias e três noites sem dormir dá cabo de qualquer um... Três dias e três noites sem dormir, numa guerra daquelas... Nem queiram saber!
Solução: O ecstasy, pleo menos em mim, provocava dois efeitos principais: a) incrível aceleração mental e física, e b) um amor estupidamente "infinito", a gente quer ser, correcção, a gente é amigo de toda a gente! "Ok, ok... a) O meu corpo já não aguenta... o ecstasy dá-me a energia de que preciso... b) Eu tenho medo de fazer mal a alguém... o ecstasy dá-me amor..." Tomei meia pastilha que me tinha sobrado, e, meio a medo... lá consegui adormecer! Umas boas horinhas...

Toda esta história não são senão circunstâncias daquilo que eu realmente queria contar... Mas penso que, por agora, já é dose suficiente para a maior parte dos/as meus/inhas leitores/as...
Continuarei talvez depois.

10 comentários:

Anónimo disse...

ora bom, a passagem de século DE FACTO foi de 2000 para 2001 porque nunca houve ano zero...Basta fazer as contas. Se um século tem 100 anos, vão 100 anos desde o ano primeiro depois de Cristo até 31 de Dezembro do ano 100. Não é evidente ?
Logo 100 anos desde 1 de Janeiro de 101 até 31 de Dezembro de 200. 100 anos desde 1 de Janeiro de 1900 até 31 de Dezembro de 2000. Logo o século 21 começou a 1 de Janeiro de 2001. Não percebo como tanta gente tem dificuldade em fazer contas...

Em relação ao resto...Ao escritor deste «artigo»...cuidado com as drogas...Já basta o país de droga que temos.

Disponha sempre.

Gil Fonseca

dmc disse...

Parece-me que o busílis da questão não se centra propriamente nas contas, Gil! Embora com algumas pessoas com quem tive esta discussão parecesse ser esse o problema, sim...

A questão será a existência ou não do tal ano zero.
Ora vejamos então pela lógica, um ramo da matemática mas não necessariamente ligado à aritmética:
Eu tenho 32 anos. Significa isto que eu já vivi 32 anos depois do meu primeiro ano de vida? Não, eu vivi 32 anos depois do meu nascimento ("T0", ou "segundo 0" ou "momento do parto", por assim dizer; é possível usar uma unidade de tempo inferior mas também não vale a pena...)!
De facto, eu tenho 32 anos completados mais quase um mês.
Estou no meu 33º ano de vida, é certo, da mesma forma que um bebé de 3 meses está no seu primeiro ano de vida. Mas nesse primeiro ano de vida, este bebé de 3 meses tem 0 anos (completados).

Por hipótese, poderia considerar que teria havido uma convenção arbitrária que tivesse definido que o ano 0 e o ano 1 coincidiam (o que, por si só, provocaria incoerências matemáticas).
De certa forma, poderia ser algo talvez mais extravagante que dividir o ano em 12 meses de duração variável, para cada mês, entre 28 e 31 dias, quando se poderia ter dividido os 365 dias de um ano por 13 meses de 28 dias cada.
A divisão dos 365 dias do ano por 12 meses desiguais é explicada pela importância relativa de cada deus ou imperador romano associado a cada mês. Há também quem explique isso, na astrologia, pelo movimento do próprio sistema solar em relação a outras estrelas.

Mas de facto, essa convenção não existe! Repare-se:
No ano de 1976, em que eu nasci, estávamos no séc. XX (que se pronuncia correctamente "século vigésimo"), não no século XIX (décimo nono).
Ou seja, a convenção em uso corresponde à lógica matemática (substituo a numeração romana pela árabe, para ser mais legível):
Ano 1976 - séc. 20º
Ano 76 - séc. 1º
Dia 01/01/0000 - Ano 1º
Ano 0 - séc. 1º
Ano 2000 - séc. 21º !!!

Bem vistas as coisas, Gil... Talvez seja mesmo um problema de matemática! ;)
Mas, por favor, corrija-me se eu estiver enganado.

E apareça mais vezes aqui no blog! ;)

Abraço,
~dmc~

P.s.: Quanto às drogas, no meu caso, é passado e ainda bem! Quanto ao país que temos... :(

Anónimo disse...

O ano «zero» não existiu. Logo, o primeiro ano da era cristã é o ano I depois de Cristo. Assim, o século XXI só começou no dia 1 de Janeiro de 2001.
Não é uma questão de coerência matemática. É a maneira como o calendário moderno foi feito.
Se 1 século= 100 anos, nunca poderá ser de outra maneira.

Anónimo disse...

Já agora, a «não-existência» do ano zero é uma evidência histórica, do ponto de vista da contagem dos anos, o que não nos pode nunca levar a outra conclusão, a não ser que aceitemos que excepcionalmente, um século possa valer 99 anos, o que é absurdo.

dmc disse...

Gil disse:
"Se 1 século= 100 anos, nunca poderá ser de outra maneira."
1 minuto = 60 segundos mas cada minuto começa com o segundo 0 e só vai até ao segundo 59. Não há "6 minutos e 60 segundos", só pode haver "6 minutos e (no máximo) 59 segundos". 6 minutos e 60 segundos diz-se "7 minutos".

Gil disse:
"Já agora, a «não-existência» do ano zero é uma evidência histórica, do ponto de vista da contagem dos anos, o que não nos pode nunca levar a outra conclusão, a não ser que aceitemos que excepcionalmente, um século possa valer 99 anos, o que é absurdo."
Este seu argumento é igual ao anterior.
Eu volto a responder: Um século tem 100 anos para mim, como para si ou para qualquer outra pessoa. Mas ele começa no ano 0 e termina no ano 99 e é nisto que nós discordamos.

:)

Anónimo disse...

Você continua a insistir na existência do ano «zero», que não existiu.

Por acaso, é obviamente mentira o que diz. O primeiro minuto não vai apenas até ao segundo 59.
Por exemplo t=59.9534 segundos ainda está dentro do primeiro minuto não está ? Trata-se de uma variável contínua e não de uma variável discreta.
Penso que é óbvio que há aqui quem precise aprender mais matemática. O tempo não se conta como se fossem cenouras: um, dois, três, etc.
Logo, se o PRIMEIRO ANO da era Cristão foi o ano 1, é óbvio que só se cumprem 100 anos do século 20 a 31 de Dezembro de 2000...

Desculpe, mas esta discussão não faz qualquer sentido. Como dizia o outro, discute coisas absurdas com tolo, e tornas-te também tolo....

Anónimo disse...

Só para acabar, gostava que pensasse um pouco no próprio exemplo que acabou de dar: A comparação entre o intervalo de tempo de 1 minuto e de 1 século e perceberá que está errado...
Observe o seguinte: Se eu contar o tempo de 1 minuto (e NÃO é verdade que o primeiro minuto acabe no segundo 59, como é óbvio...) eu tenho que o primeiro segundo decorre entre t=0 e t=1 segundo, o segundo segundo entre t=1 e t=2 segundo, etc...e portanto, pela matemática e não «pela lógica» verá que entre o segundo 59 e o segundo 60 decorre o sexagésimo segundo do primeiro minuto, e que, por exemplo, t=59.6 segundo AINDA FAZ PARTE do primeiro minuto (valha-nos Deus !...).
O problema, se quisermos comparar o primeiro século da nossa era com o primeiro minuto de uma contagem temporal, é que NÃO HOUVVVVEEEE ANOOOO ZEROOOOOO ! Logo o primeiro ano decorre desde 1 de Janeiro de 1 até 31 de Dezembro de 2, etc, até que ao século 20, se inicia a 1 de Janeiro de 1901 e acaba em 31 de Dezembro de 2000 !!!!!!!!!
Meu caro, o problema é que se convencionou que o primeiro ano seria «1» e não Zero. Mas um século ainda são 100 anos porque ÚNICA maneira de definir 1 século é matematicamente, e portanto 100 anos....Percebeu agora ?

A comparação com a idade que faz está ERRADA porque na questão da idade quando dizemos «tenho 32 anos» isso quer dizer que completámos já 32 anos, como já completámos 31 ou 30...Mas estamos de facto no 33º ano de vida (se considerarmos o ano zero o nascimento) mas mais uma vez fazemos a contagem dos anos como uma variável discreta e não como uma variável contínua quando o tempo É UMA VARIÁVEL CONTÍNUA....
Não sei que mais hei-de fazer para ensinar o óbvio...

dmc disse...

Já é muito tarde para eu ainda estar aqui a olhar para o computador ... Por isso, de momento, respondo-lhe apenas a esta sua "citação":

Gil disse:
"Como dizia o outro, discute coisas absurdas com tolo, e tornas-te também tolo...."

Caro, Gil, consta que, no final de um concerto em Paris, o público mandou tomates ao grande John Coltrane. Após isto, um jornalista perguntou ao Coltrane se ele achava que o público francÊs não percebi a sua música, ao que ele respondeu algo como:
"Não é que eles não tenahm percebido a minha música; eu é que não soube tocar para eles."

Agrada-me o desafio que me coloca, caro Gil. :)
Mas é realmente muito tarde, além de que já tenho outro comentário mais antigo a que responder e também um artigos ou dois prometidos há muito neste blog...
Mas eu hei-de responder-lhe, fica prometido!

Anónimo disse...

mais eu querro saber o que aconteceu em no ano 100 depois de cristo

dmc disse...

No ano 100 depois de Cristo, entramos no séc. II... :-)

Já nem me lembrava desta discussão! A ver se um dia destes tenho tempo de voltar a olhar para isto!